Quarta-feira, 1 de Dezembro de 2010

Na Noite

 

Numa atitude tacitamente concertada, estendes a tua mão, recostando teu corpo no sofá e tomas a minha; com a outra, agarras-me pelo pescoço, deslizando os dedos por entre os meus cabelos, apossando-te de mim, como se tratasse de uma dança ritual.

Apertamo-nos um contra o outro, como se estivessemos em perigo de repentinamente sermos afastados, e o abraço torna-se mais forte,  até que me sinto cair num estado em que todas as sensações tivessem sido miraculosamente exacerbadas, como se a pele se me tivesse tornado demasiado sensível.

As tuas mãos seguram o meu rosto, examinando-o com enlevada atenção, como se nunca me tivesses visto, até então.

A fronteira dos ossos e carne desvanece-se, ao unirmo-nos, movendo as mãos para descobrirem, como que novas terras, novos campos de ervas selvagens.

Tens os olhos fechados e fecho também os meus, com força, depois com mais força ainda, até que por detrás das pálpebras, surge um clarão ofuscante.

Sinto o conteúdo do meu corpo derreter-se até ao limite dos ossos, dissolvendo-se num qualquer som de distantes gritos abafados.  Ficaste imóvel, enquanto eu escutava, como se tratasse de  ouvir o som de um búzio, o latejar do meu próprio sangue, sem poder distinguir o meu corpo do teu...

Num estado de letargia, senti-me arrastada através de regiões de tempo, nunca antes sentidas; vi-nos ambos a flutuar, numa qualquer noite de estrelas e escuridão...

Tudo tinha morrido, só nós estávamos vivos.

Acordámos ao mesmo tempo, olhámo-nos e beijámo-nos...

O mundo recomeçara!

publicado por MIGUXA às 00:11
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De M.Luísa Adães a 2 de Dezembro de 2010 às 15:28
De noite acontecem coisas ofuscantes
de delirio, de sensualidade, de esquecimento
De tudo
E ficamos apenas nós.
Nossos desejos se espraiam, se consolidam,
numa entrega onde os preconceitos se esvaem
e amamos de forma primitiva
e esquecemos tudo que nos magoa.

Apena o desejo, a sensualidade predominam,
conheço esse estado que dura escassos momentos, que parecem uma Eternidade.

E esquecemos tanta coisa
que teimamos em lembrar.

Ainda não parti e já fui esquecida! Se escrevo
me respondem,
Se não escrevo ninguém me procura,
como se tivésse morrido.

E na realidade morri! Acertaram!

Adoro essa sensualidade que também a mim me domina.

Maria Luísa
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