Preparo meu espírito para abandonar o trono
Presinto para breve o embaraço da invisibilidade
O frio invade o meu espaço
Detem-se sem qualquer pudor
As chamas que iluminavam
e
Aqueciam o braseiro da minha sala
Extinguem-se lentamente
Dão lugar a um amontoado de cinzas
E tudo se repete
Não me sinto capaz de suportar a indiferença
Sei que não resisto ao vazio
De novo...
Fria
Inóspita
É a noite
Frio
Desnudo
É meu corpo
Na ausência
Do calor
Que tuas palavras
Emanam
Gelada
Minha alma
Não sabe o que sente
Sequer
Se sente
Perfeito
Coração
Entrega imensa
Não mente
Resvala na verdade
Cala
Consente
Chama eterna
Não se extingue
No meu peito
Dá-me vida
Estou
Apenas
Adormecida
Sinto faltar-me o fôlego
Meu corpo contorce-se de dor
Espasmos de desânimo
Desnudam-me
Prendem-me no fundo do poço
Minha alma grita
Na esperança que me ouças
Me devolvas à vida
Me aqueças o coração
Me tomes nos braços
Me acaricies com teu doce olhar
Me digas quão importante sou para ti
Preciso sentir que afinal existo
Sou um nada neste mundo de solidão
Preciso ser amada
Por ti viverei
Paixão