Por cada instante de ti, vibra todo o meu ser
Como se cada encontro fosse...
O primeiro a acontecer...
Retalhos de uma vida marcada
Por momentos de paixão
Sonhos por ambos vividos...
Almas juntas...
Mão na mão...
Olhares doces...bocas de mel
Sentires sem definição...
Corpos entrelaçados...maduros...
Como frutos de Verão...
Numa atitude tacitamente concertada, estendes a tua mão, recostando teu corpo no sofá e tomas a minha; com a outra, agarras-me pelo pescoço, deslizando os dedos por entre os meus cabelos, apossando-te de mim, como se tratasse de uma dança ritual.
Apertamo-nos um contra o outro, como se estivessemos em perigo de repentinamente sermos afastados, e o abraço torna-se mais forte, até que me sinto cair num estado em que todas as sensações tivessem sido miraculosamente exacerbadas, como se a pele se me tivesse tornado demasiado sensível.
As tuas mãos seguram o meu rosto, examinando-o com enlevada atenção, como se nunca me tivesses visto, até então.
A fronteira dos ossos e carne desvanece-se, ao unirmo-nos, movendo as mãos para descobrirem, como que novas terras, novos campos de ervas selvagens.
Tens os olhos fechados e fecho também os meus, com força, depois com mais força ainda, até que por detrás das pálpebras, surge um clarão ofuscante.
Sinto o conteúdo do meu corpo derreter-se até ao limite dos ossos, dissolvendo-se num qualquer som de distantes gritos abafados. Ficaste imóvel, enquanto eu escutava, como se tratasse de ouvir o som de um búzio, o latejar do meu próprio sangue, sem poder distinguir o meu corpo do teu...
Num estado de letargia, senti-me arrastada através de regiões de tempo, nunca antes sentidas; vi-nos ambos a flutuar, numa qualquer noite de estrelas e escuridão...
Tudo tinha morrido, só nós estávamos vivos.
Acordámos ao mesmo tempo, olhámo-nos e beijámo-nos...
O mundo recomeçara!