Tão cedo te encontro
Minha alma se perde
Meu corpo se rende
Teus braços ao meu redor
Teu rosto no meu
Doce amor
Teu suspiro no meu ouvido
Teu corpo em meu corpo
Aroma que penetra em mim
Tão intenso e definido
És tudo o que procuro
Tenho na alma gravado
Aquele beijo maduro
Sonho a vida
Para sempre
Junto a ti
Não quero sequer pensar-te
Longe de mim
Quero-te mais que à própria vida
Serei sempre
Tua amiga, tua amada,
Tua amante, tua apaixonada
Margarida
Numa atitude tacitamente concertada, estendes a tua mão, recostando teu corpo no sofá e tomas a minha; com a outra, agarras-me pelo pescoço, deslizando os dedos por entre os meus cabelos, apossando-te de mim, como se tratasse de uma dança ritual.
Apertamo-nos um contra o outro, como se estivessemos em perigo de repentinamente sermos afastados, e o abraço torna-se mais forte, até que me sinto cair num estado em que todas as sensações tivessem sido miraculosamente exacerbadas, como se a pele se me tivesse tornado demasiado sensível.
As tuas mãos seguram o meu rosto, examinando-o com enlevada atenção, como se nunca me tivesses visto, até então.
A fronteira dos ossos e carne desvanece-se, ao unirmo-nos, movendo as mãos para descobrirem, como que novas terras, novos campos de ervas selvagens.
Tens os olhos fechados e fecho também os meus, com força, depois com mais força ainda, até que por detrás das pálpebras, surge um clarão ofuscante.
Sinto o conteúdo do meu corpo derreter-se até ao limite dos ossos, dissolvendo-se num qualquer som de distantes gritos abafados. Ficaste imóvel, enquanto eu escutava, como se tratasse de ouvir o som de um búzio, o latejar do meu próprio sangue, sem poder distinguir o meu corpo do teu...
Num estado de letargia, senti-me arrastada através de regiões de tempo, nunca antes sentidas; vi-nos ambos a flutuar, numa qualquer noite de estrelas e escuridão...
Tudo tinha morrido, só nós estávamos vivos.
Acordámos ao mesmo tempo, olhámo-nos e beijámo-nos...
O mundo recomeçara!