É madrugada
Sem ânimo...exausta....
Nada acontece...
Descansa o corpo
Cama vazia
Gelada
Cerra os olhos...
E, na escuridão do seu espaço
Surge o brilho de um ser em chamas
Força que a arrasta em ondas de prazer
De um mar que quer só seu...
Segue seus passos
Na praia que escolheu como sua
Sem rosto
Sorriem de luz seus olhos
Para ela apenas...
Lábios de sangue
Percorrem-lhe o corpo
Tocando-lhe a alma
Mãos firmes de vigor
Suaves e doces
São de amor...
Abraços, carícias
Sem fim...
duram horas
Dentro de si...
E ao amanhecer
descerra os olhos
tem de ser
E nada volta a acontecer...
Preparo meu espírito para abandonar o trono
Presinto para breve o embaraço da invisibilidade
O frio invade o meu espaço
Detem-se sem qualquer pudor
As chamas que iluminavam
e
Aqueciam o braseiro da minha sala
Extinguem-se lentamente
Dão lugar a um amontoado de cinzas
E tudo se repete
Não me sinto capaz de suportar a indiferença
Sei que não resisto ao vazio
De novo...
Sinto faltar-me o fôlego
Meu corpo contorce-se de dor
Espasmos de desânimo
Desnudam-me
Prendem-me no fundo do poço
Minha alma grita
Na esperança que me ouças
Me devolvas à vida
Me aqueças o coração
Me tomes nos braços
Me acaricies com teu doce olhar
Me digas quão importante sou para ti
Preciso sentir que afinal existo
Sou um nada neste mundo de solidão
Preciso ser amada
Por ti viverei
Paixão
Preciso, desesperadamente sentir
E deste corpo exaurido
A minha alma despir
Olhar sem ver, olhar apenas
Respirar sem dor
Brisas calmas, serenas
Acordar sonhando
Eu posso existir
Sem julgar que vivo
Um destino perdido
Rodeada de amor
Dou comigo a chorar
Um vazio sem sentido
Teima em não me deixar
Sofro...
Por fazer sofrer
Quem de carinhos me cobre
De tanto me querer
Por razões que a razão não explica
Minha alma se entristece
E meu corpo se fica...